domingo, 23 de janeiro de 2011

RUDE CRUZ

Tremendamente preocupada com o avanço da apostasia, principalmente dentro das igrejas ditas “avivadas”, e desejando “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Judas 3), fico atenta às pessoas com quem me relaciono na Internet, muitas delas apresentando teorias estranhas, sem qualquer respaldo bíblico. Infelizmente, são poucos os que se detêm na rude cruz de Cristo, preferindo pregar um evangelho triunfalista, quase açucarado, o qual satisfaz o EGO dos ouvintes.

A Bíblia torna meridianamente claro que a cruz de Cristo é o coração da mensagem para os incrédulos e também para os nascidos de novo, pois nela encontramos refúgio aos desatinos deste mundo perverso e vencemos as obras da carne e do diabo. Cristo ordenou que tomássemos a nossa cruz e O seguíssemos. Esta não é uma opção, mas uma obrigação.

Na cruz, existe mais profundidade em sabedoria do que em todas as bibliotecas do mundo. O Apóstolo Paulo diz, na 1 Coríntios 2:2: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”. Isto caracterizou a pregação e estilo de vida do maior apóstolo de Cristo e sua pregação transtornou o mundo pagão de sua época (Atos 17:6). Ele também diz: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus”. (1 Coríntios 1:18).

Um dos maiores problemas hoje observado, nos púlpitos cristãos, é a mania de reinterpretar a Palavra de Deus, a fim de modernizá-la, adaptando-a ao contexto atual. Um dos maiores responsáveis por esse desvio é o Pr. Rick Warren, através da sua Igreja Saddleback, com milhares de membros, e dos seus livros “Com Propósito”, vendidos aos milhões, no mundo inteiro. Ocupando um alto cargo dentro da UNESCO, Warren revitaliza o seu famoso “Plano Global”, tentando reunir todas as religiões em uma única religião mundial, a qual, obviamente, será a religião da Nova Era, ou seja, a do Anticristo.

A união das religiões do mundo até pode trazer a (falsa) paz mundial, mas nunca a vida eterna, pois esta somente é conseguida através de uma PESSOA (Jesus Cristo) e não de uma religião criada por homens pecadores e corruptos. Somente obedecendo as palavras de Jesus Cristo, pelas quais seremos todos julgados (João 12:48), é que poderemos viver, eternamente, na beleza de Sua augusta presença. Somente o Evangelho de Cristo tem o poder de transformar o homem que O aceita (Romanos 1:16), por ter sido assinado com o sangue mais precioso do universo.

Certa vez, um homem que fora condenado à morte por causa dos seus hediondos crimes, recebeu esta notícia: “Você está livre porque outro homem vai morrer em seu lugar”. Este criminoso chamado Barrabás fora substituído pelo Homem mais santo que já existiu no mundo - o Senhor Jesus Cristo. Barrabás seria o primeiro homem a dizer, literalmente: “Jesus morreu por mim”. Contudo, Barrabás não foi salvo da morte eterna, porque não reconheceu a divindade de Cristo. É provável que ele tenha voltado à sua pregressa vida criminosa, visto como não se tornou uma “nova criatura”, nem se conscientizou da inocência de Cristo, como o ladrão que foi crucificado ao Seu lado.

Conheço pessoas que, após escutarem o Evangelho, respondem: “Ainda sou jovem. A senhora já é idosa e pode viver somente para Deus. Mas, ainda é cedo para eu entregar minha vida a Cristo e frequentar uma igreja... Preciso aproveitar o tempo, a fim fazer tudo que eu gosto, antes de pensar em me tornar um crente”. Perigosa ilusão! E se a morte chegar mais depressa do que a tempestade, 11/01, em Teresópolis, matando cerca de 1.000 pessoas?

Em Hebreus 10:30-31, lemos: “Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo”. E mais: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram” (Hebreus 2:3). Finalmente temos uma garantia: “E [Cristo] livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” (Hebreus 2:15). Não é trincando os dentes (como eu fiz ontem à noite, quando encarava um problema), que podemos vencer a tentação. Somos mais que vencedores, quando deixamos morrer o nosso EGO, o qual, infelizmente, está sendo tão exaltado pelos psicólogos seculares e, até mesmo, pelos chamados “psicólogos cristãos”.

Em Romanos 6:11, lemos: “Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor”. Somente quando estamos mortos em Cristo é que podemos experimentar a Sua vida em nós (Gálatas 2:20). A vida que Ele nos dá está embasada na Sua Ressurreição e só ressuscita quem antes morreu. Jamais poderemos experimentar a alegria da plenitude do Espírito Santo, sem que, antes, tenhamos morrido voluntariamente para o nosso EGO.

Ao contrário das pregações triunfalistas, tão comuns, hoje em dia, nas igrejas “avivadas”, com as pessoas pulando, rebolando e acreditando que toda aquela efusão é fruto do Espírito, devemos obedecer ao mandado de Habacuque 2:20: “O Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra”, pois o Espírito de Deus é manso, suave e discreto, tendo vindo ao mundo para glorificar o Nome de Cristo e não para ser usado e abusado pelos cristãos vazios do conhecimento bíblico....

Cristo padeceu e morreu na cruz para nos livrar da morte eterna e nos deixou a celebração da Ceia para que recordássemos o Seu sacrifício. Não praticamos a teologia da transubstanciação, nem a da consubstanciação, mas apenas a teologia da “memória”, pois Ele disse para tomarmos o pão e o cálice com estas palavras: “Fazei isto em memória de mim” (1 Coríntios 11:24-c).

Quando meditamos sobre o maior evento de todos os tempos, em todo o universo, o qual aconteceu na rude cruz do Calvário, seguido do sepultamento e ressurreição de Cristo, sentimos uma enorme gratidão por tão grande amor, ali demonstrado por nós. Nesse momento, a rude cruz de madeira (na qual foi pregado o mais santo de todos os homens do mundo - Jesus Cristo) se transforma em brilhante coroa de ouro e pedras preciosas, pela qual Ele trocará a rude cruz de todos os que amam a Sua vinda.

Dave Hunt - "The Preaching of the Cross"

Traduzido e adaptado por Mary Schultze, em 23/01/2011.

Rick Warren e a Dieta de Daniel



Por que o Pr. Rick Warren continua a se associar e a associar sua igreja com homens e mulheres que se opõem a Deus, rejeitam a Bíblia como a Verdade absoluta e a fé em Jesus Cristo como o ÚNICO meio de salvação?

Há uns cinco anos venho me fazendo estas perguntas sobre um pastor de perfil tão elevado, o qual se vale de qualquer oportunidade para se associar a homens e mulheres não cristãos e, de fato, até os convida para falar no púlpito de sua igreja. Seu último empenho é o chamado “Plano de Daniel”, destinado a ajudar pessoas com excesso de peso a ficarem em boa forma.

Este é, aparentemente, um nobre empenho, até que se verifique que os peritos em Medicina que ele está convidando para a sua igreja são os doutores Mehemet Oz, Daniel Amen e Mark Hyman. O Dr. Oz é o anfitrião do programa de Premiação Emmy e professor de cirurgia na Universidade da Columbia, o qual afirma que é inspirado por Emanuel Swendenborg [cientista, filósofo e místico sueco], fundador da seita que ensina que todas as religiões levam a Deus e nega as crenças cristãs ortodoxas, como a Expiação de Cristo para o pecado, a Trindade e a Divindade do Espírito Santo. O autor bestseller Amen é professor de Psiquiatria na Universidade da Califórnia, em Irvine. Ele ensina Meditação Oriental e pratica a energia Reiki da Nova Era. Hyman é quatro vezes um ator bestseller, no New York Times, e promove a Meditação mística embasada nos princípios budistas.

Por que o pastor cristão de uma igreja cristã convida instrumentos de Satanás, como esses homens, todos mancomunados com as crenças hinduístas, para o púlpito de sua igreja?

A real hipocrisia de Warren é usar homens não cristãos como estes, sob a bandeira de um “Plano de Daniel”. Quem estuda a vida de Daniel só pode verificar que Daniel foi um homem que recusou comprometer a Verdade de Deus. Ele arriscou a própria vida, junto com os três jovens hebreus, Sadraque, Mesaque e Abedenego, para servir a Deus. ELES RECUSARAM COMPROMETER-SE... MESMO QUE ISTO SIGNIFICASSE A MORTE!!!

Minha primeira reação, quando fiquei sabendo disto foi: por que Rick Warren não convidou três médicos cristãos qualificados? Ou será que se trata de um simples golpe de publicidade, para lotar sua igreja, à custa do Evangelho?

Rick Warren já comprovou que não tem problema algum com as pessoas que seguem falsas religiões, seitas e crenças da Nova Era. O que lhe interessa é avançar com o seu Plano Social Global Peace. Embora ele se mostre humilde e desinteressado em dinheiro, não se iludam. O Plano Global Peace de Warren movimenta dinheiro e muito dinheiro! Ele se vangloria de incluir um negócio de 300 milhões de dólares. Ele prefere ficar perto de pessoas com muita riqueza e poder, poder mundial.

A queda livre espiritual desta nação (USA) acontece por causa de líderes como Warren, mais interessados em seus planos do que nos planos de Deus; em suas palavras do que na Palavra de Deus, em massagear o ego das pessoas do que em salvar almas.

Muitas vezes, Warren tem permitido em sua igreja os que negam a Verdade das Escrituras, a fé em Jesus Cristo , dando credibilidade e uma plataforma a pessoas, cujas crenças são totalmente inconsistentes com o Cristianismo Bíblico. Ele tem profanado o altar de sua igreja tantas vezes, permitindo que ímpios apresentem suas pervertidas visões, a tal ponto que sacrificar porcos, ali, todos os domingos, não poderia ser pior.

Alguns anos atrás, durante a Convenção Anual, num final de semana do 04 de julho em Washington, o Pr. Rick Warren fez contato com um grupo muçulmano, o qual tem conexões terroristas. Ele concordou em aparecer na Convenção da Sociedade Islâmica da America do Norte (ISNA) e em tomar parte na sessão principal, para discutir o tema: “Vida, Liberdade e Busca da Felicidade”. A ISNA foi nomeada como co-conspiradora, num caso de terrorismo do Hamas, em 2007.

Em um evento, Warren afirmou para um grupo de muçulmanos: “Vocês não precisam olhar olho no olho, nem andar de mãos dadas”. Observem que Warren é um pastor. Supostamente, ele deveria entregar a mensagem do Evangelho. Afinal, ele não é um político!!!.

O Evangelho de Jesus Cristo não é algo que possa ser diluído ou comprometido. O caso não é ser politicamente correto, visto como almas humanas estão correndo um perigo eterno.

Não existe essa coisa de “andar de mãos dadas” com os muçulmanos! Eles estão caminhando pela porta larga e espaçoso caminho, os quais conduzem à destruição, enquanto nós, os crentes salvos, estamos caminhando pela porta estreita, rumo à glória! Os muçulmanos precisam entender que têm trazido do inferno uma mentira de 1.400 anos e porque eles mentem, suas almas estarão queimando nas chamas infernais, por toda a eternidade, a não ser que abandonem a fé islâmica e abracem a fé em Jesus Cristo e a Verdade da Bíblia!!!

Infelizmente, Warren raramente trata destes assuntos por considerá-los divisores demais. A verdade é que ele tem escolhido assuntos que possam uni-lo à falsa religião e a grupos que tenham negado a Bíblia e a fé em Cristo, a fim de atingir suas ambições globais, deixando de falar contra os assuntos verdadeiros e, desse modo, roubando a alma de nossa nação, como acontece às suas costas.

Amo as pessoas e estou por demais preocupado com o destino de suas almas. Qual é a mensagem atual para vocês? É tão simples: NÃO COMPROMETAM A VERDADE DA BÍBLIA OU A PREGAÇÃO DO EVANGELHO! Não existem palavras mais verdadeiras, nem mensagem mais grandiosa! Os homens aparecem com meios especiais para “fazer igreja”. Contudo, a não ser que eles estejam embasados nas Verdades das Escrituras e no Evangelho do Senhor Jesus Cristo, estes serão exercícios inúteis, não importa quão bem sucedidos sejam, sob a perspectiva do mundo.

A razão pela qual esta nação (USA) está espiritualmente na bancarrota é porque a Verdade da Bíblia tem sido comprometida e o Evangelho diluído. Seus famosos líderes “cristãos” têm se tornado homens de negócios, espertos comerciantes e astutos manipuladores das massas, em vez de terem paixão por salvar almas e o desejo de conduzir esta nação de volta ao Senhor e aos valores bíblicos. Mas, não temam, pois ainda existem pessoas fieis, muitos homens e mulheres que amam ao Senhor, os quais não têm comprometido a Verdade, fazendo parte de um remanescente dos últimos dias.

Minha palavra de hoje para vocês é que nunca dêem atenção ao que outros homens possam dizer, crendo exclusivamente na Palavra de Deus. Ele ama vocês. Ele cuida de vocês. Demonstremos nosso amor por Ele, firmando-nos, cada dia mais, a Seu favor, neste mundo perdido. Que a única associação com os ímpios seja a de pregar-lhes o Evangelho, para salvar almas. A Verdade das Escrituras jamais será bem recebida pelos que rejeitam a Bíblia, embora ela seja a ÚNICA esperança e resposta para este mundo e para cada alma perdida.

Em Seu amor e serviço, seu amigo e irmão em Cristo,

Bill Keller.

Traduzido por Mary Schultze, em 19/01/2011.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Salmo 121.1,2




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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O ANJO DO SENHOR É DEUS, E TAMBÉM O PRÓPRIO SENHOR JESUS


O ANJO DO SENHOR
Tenho lido muita coisa na matéria ANGELOLOGIA da teologia bíblica, mas pouco ou quase nada se fala do ANJO DO SENHOR que aparece exclusivamente no Antigo Testamento. Muitos teólogos brasileiros, profundos conhecedores da Palavra de Deus, preferem calar-se sobre esse assunto. Muitos afirmam tratar-se de um assunto muito polêmico e, portanto, deixam o assunto sem uma conclusão. Na verdade essa polêmica toda em torno deste assunto não passa de frescura, pois para mim, não há polêmica nenhuma, por que quando a Palavra de Deus afirma uma coisa, eu tenho que acatar essa afirmação, mesmo que pareça contradizer outras coisas.

Em minha modesta opinião, acredito que a Palavra de Deus possui argumentos conclusivos para nos mostrar a verdadeira identidade desse Ser que tanto causa controvérsia entre os próprios cristãos. Quero mostrar pela Palavra de Deus que o Anjo do Senhor é o próprio Deus, e além do mais, o próprio Senhor Jesus pré-encarnado, isto é, antes da encarnação.

A Bíblia deixa claro que:

“Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.” II Co 13.8

Isso deixa claro que não pode haver contradições entre as verdades constantes na Bíblia. Eu entendo que devemos confrontar uma verdade bíblica com outra verdade bíblica, e, caso haja alguma contradição, se eu não conseguir resolver, ou se não houver conformidade entre as verdades expostas, na certa sou eu que não estou conseguindo entender. O problema deve estar sempre comigo e nunca com a Palavra de Deus, que é fiel e digna de toda aceitação.

“...sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso...” Rm 3.4

O ANJO DO SENHOR, segundo a Bíblia

Parece-me que a revelação bíblica acerca do Anjo do Senhor é gradual até chegar a conclusão de que se trata do próprio Deus, e, consequentemente, Cristo. A primeira ocorrência sobre o Anjo do Senhor aparece em Gn 16.7-13. Podemos notar na conversa entre o Anjo do Senhor e Agar que não se trata de um anjo qualquer ou apenas um emissário (mensageiro) do Senhor, mas do próprio Senhor. Em Gn 16.10 mostra o Anjo do Senhor abençoando Agar e em nenhum momento Ele diz algo como “Assim diz o Senhor”. Ele usa o pronome pessoal EU ao falar com Agar:

“Disse-lhe mais o Anjo do Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, que não será contada, por numerosa que será.” (grifo meu)

Já no verso 13 Moisés registrou que Agar acreditava tratar-se do próprio Senhor aquEle que falava com ela:

“E ela chamou o nome do Senhor, que com ela falava: Tu és Deus que me vê; porque disse: Não olhei eu também para aquele que me vê?” (grifo meu)

Bastava esse único versículo para desbancar toda essa confusão em torno do Anjo do Senhor, mas quero usar mais argumentos e mostrar todos os versos disponíveis na Palavra de Deus.

Em Gn 22 relata o acontecimento da prova de Abraão, e mais uma vez podemos notar como o Anjo do Senhor age e fala de uma forma que somente Deus pode fazer.

No verso 11 podemos concluir que quem está dialogando com Abraão é o próprio Anjo do Senhor:

“Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.”

No verso 12 o Anjo do Senhor deixa claro mais uma vez que Ele é Deus, pois se voltarmos ao Gn 22.1 vemos que quem mandou Abraão sacrificar Isaque foi Deus:

“E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.”

No verso 12 o Anjo diz a Abraão que ele não negou Isaque para Ele:

“Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não ME negaste o teu filho, o teu único filho.” (grifo meu)

Aqui podemos ver que o Anjo do Senhor fez uso do pronome pessoal da primeira pessoa do singular ME (eu, me, mim). Se Ele não fosse Deus, Ele usaria o pronome pessoal na terceira pessoa do singular LHE (de ELE) e não ME.

Nos versos 15 ao 18, ao prestarmos a atenção aos detalhes, veremos que trata-se do próprio Deus:

“Então o Anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus, e disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho, que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.” (grifo meu)

Quem bradou do céu foi o Anjo do Senhor (verso 15), o Anjo jurou por Ele mesmo (verso 16) pois, segundo Hb 6.13, Deus não tem ninguém maior por quem jurar, por isso é que o escritor de Hebreus diz que Ele jurou por si mesmo:

“Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo...”

E o Anjo fez a mesma coisa ao jurar por Si mesmo. Os pronomes e os verbos estão todos na primeira pessoa do singular mim, jurei, me, abençoarei, multiplicarei e minha. Por fim, o Anjo do Senhor afirma que Abraão obedeceu à voz dEle (verso 18).

Em Gn 32.24-30 vemos Jacó lutando com o Anjo do Senhor. Embora em Gênesis nada diga tratar-se do Anjo do Senhor, o profeta Oséias (12.4) diz-nos que Jacó havia lutado com o Anjo:

Lutou com o Anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe suplicou; em Betel o achou, e ali falou conosco”. (grifo meu)

Voltando para Gn 32.24-30, no verso 28, o Anjo afirma que Jacó havia lutado com Deus:

“Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste.” (grifo meu)

Quando no verso seguinte (29) Jacó pede para que o Anjo diga o Seu Nome, Ele recusa. Isso leva-nos até Juízes 13 que tratarei mais adiante. No verso 30 Jacó afirma que viu Deus face a face ao lutar com o Anjo:

“E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva.” (grifo meu)

Quando Jacó está prestes a morrer, em Gn 48, ele começa abençoando os filhos de José. Do verso 15 em diante Jacó começa a sua benção falando de Deus e no verso 16 ele pede que o Anjo do Senhor abençoe seus netos. Se o Anjo do Senhor não fosse Deus, por que Jacó clama pela benção dEle?:

O Anjo que me livrou de todo o mal, abençoe estes rapazes, e seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e Isaque, e multipliquem-se como peixes, em multidão, no meio da terra.” (grifo meu)

No chamado de Moisés, em Êxodo 3, no verso 2 diz que quem estava na sarça era o Anjo do Senhor:

E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.” (grifo meu)

Quando Moisés, no verso 3, falando consigo mesmo, diz que pretendia chegar mais perto para ver por que a sarça não se consumia, Deus, do meio da sarça (verso 4) bradou a Moisés para que não olhasse:

“E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui.” (grifo meu)

Agora parece haver um problema, pois no verso 2 diz que era o Anjo do Senhor que estava na sarça, no verso 4 diz que era Deus, logo, como não pode haver contradições nas Escrituras, a conclusão é que o Anjo do Senhor é Deus.

No verso 5 de Êxodo 3, Deus ordena a Moisés que tirasse as sandálias dos pés, porque o lugar onde estava era santo, isto é, sagrado. Uma pequena observação que quero deixar aqui é que o monte Sinai só foi chamado de santo devido ao fato de que o próprio Senhor estava ali, pois, por si só o monte não seria santo, mas a presença do Senhor é que tornava o local santo:

“E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.”

No verso 2 é afirmado que tratava-se do Anjo do Senhor, mas quando começa o diálogo com Moisés, o texto bíblico apresenta o próprio Senhor falando com ele. O texto acima (Êx 3.5) remete-nos até Josué 5.13-15, que, embora não diz claramente tratar-se do próprio Anjo do Senhor. Deixa transparecer que tratava-se do próprio Senhor (confere Josué 6.2 que continuação direta do capítulo 5), pois. Além das semelhanças existentes nos dois relatos, esse Príncipe aceitou a adoração prestada por Josué:

“E sucedeu que, estando Josué perto de Jericó, levantou os seus olhos e olhou; e eis que se pôs em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada nua; e chegou-se Josué a ele, e disse-lhe: És tu dos nossos, ou dos nossos inimigos? E disse ele: Não, mas venho agora como príncipe do exército do Senhor. Então Josué se prostrou com o seu rosto em terra e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo? Então disse o príncipe do exército do Senhor a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim.” (grifo meu)

A aceitação da adoração prestada por Josué já é por si só a mais forte evidência de que se trata do próprio Deus.

Em Juízes 13, outra vez podemos observar, agora mais claramente, que o Anjo do Senhor é Deus, pois aceitou o holocausto oferecido por Manoá:

“Então Manoá levantou-se, e seguiu a sua mulher, e foi àquele homem, e disse-lhe: És tu aquele homem que falou a esta mulher? E disse: Eu sou. Então disse Manoá: Cumpram-se as tuas palavras; mas qual será o modo de viver e o serviço do menino? E disse o Anjo do Senhor a Manoá: De tudo quanto eu disse à mulher guardará ela. De tudo quanto procede da videira não comerá, nem vinho nem bebida forte beberá, nem coisa imunda comerá; tudo quanto lhe tenho ordenado guardará. Então Manoá disse ao Anjo do Senhor: Ora deixa que te detenhamos, e te preparemos um cabrito. Porém o Anjo do Senhor disse a Manoá: Ainda que me detenhas, não comerei de teu pão; e se fizeres holocausto o oferecerás ao Senhor. Porque não sabia Manoá que era o Anjo do Senhor.” (grifo meu)

Quando prestamos mais atenção ao verso 16, podemos ver a expressão “Porque não sabia Manoá que era o Anjo do Senhor”, isto é, o próprio Deus. Isto fica mais claro nos versos 21 e 22 que diz:

E nunca mais apareceu o Anjo do Senhor a Manoá, nem a sua mulher; então compreendeu Manoá que era o Anjo do Senhor. E disse Manoá à sua mulher: Certamente morreremos, porquanto temos visto a Deus. (grifo meu)

Semelhantemente com disse Jacó (Gn 32.30), Manoá também afirmou ter visto o próprio Senhor:

E disse Manoá à sua mulher: Certamente morreremos, porquanto temos visto a Deus.” (grifo meu)

Ver Deus na face do Anjo do Senhor pode ser mais bem compreendido ao analisarmos o que o Senhor Jesus disse a Filipe em João 14.9:

“Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (grifo meu)

O Senhor quis dizer a Filipe que quem olhasse para Ele estava, de fato, contemplando o próprio Deus, e no AT quem olhava para o Anjo do Senhor, semelhantemente, também estava olhando para o próprio Deus:

“E ela chamou o nome do Senhor, que com ela falava: Tu és Deus que me vê; porque disse: Não olhei eu também para aquele que me vê?” (Gn 16.13 – Agar)

“E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva.” (Gn 32.30 – Jacó)

E disse Manoá à sua mulher: Certamente morreremos, porquanto temos visto a Deus.” (Jz 13.22 – Manoá)

Outra coisa que se desprende de Juízes 13.17,18 é que o Anjo do Senhor revela sua verdadeira identidade, isto é, Seu Nome. Quando Manoá pergunta ao Anjo do Senhor qual é o Seu Nome, a resposta dada a Manoá é esclarecedora:

“E disse Manoá ao Anjo do Senhor: Qual é o teu nome, para que, quando se cumprir a tua palavra, te honremos? E o Anjo do Senhor lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é Maravilhoso?”

Aqui o Anjo do Senhor afirma que o Seu Nome é Maravilhoso, e isso nada mais é do que o Nome do Senhor Jesus profetizado pelo profeta Isaías em 9.6:

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (grifo meu)

Esse texto é uma profecia acerca do Messias, isto é, Jesus Cristo, e Isaías profetizou que um dos nomes do Messias seria justamente Maravilhoso, conforme o Anjo do Senhor havia revelado a Manoá. Isso deixa explícito que o Anjo do Senhor é o próprio Cristo antes de sua encarnação (não confundir com reencarnação) conforme relatam os Evangelhos. E para concluir esse pensamento de que o Anjo do Senhor é o Cristo, devemos ir agora até Malaquias 3.1, que diz:

“Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos.” (grifo meu)

Esse texto está tratando de uma profecia acerca de João Batista (Marcos 1.2), que precederia o Senhor Jesus. Que é o próprio Senhor Jesus quem está falando em Malaquias 3.1 podemos ver no pronome pessoal mim que aparece no texto. E que também se trata do Anjo do Senhor, pode ser notado na expressão “Mensageiro da Aliança”. Anjo e Mensageiro significam a mesma coisa e ambos vêm do hebraico MALACH. E Mensageiro da Aliança refere-se a aliança feita a Abraão em Gn 22.15-18:

“Então o Anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus, e disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho, que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.”

Por fim, o texto de Malaquias 3.1 deixa transparecer ainda que o povo a quem foi dirigida a mensagem, buscavam (ou esperavam) o Mensageiro (ou Anjo) da Aliança, isto é, o Messias!

No Salmo 34.7 diz que:

O Anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra.”

Nesse texto fica explícito um dos atributos exclusivos de Deus que é a Onipresença, pois como o Anjo do Senhor acampará ao redor de todos os que O temem? E mais, o artigo O que vem antes de “temem” refere-se ao Anjo do Senhor. A Palavra do Senhor ensina-nos a temer ao Senhor, e aqui neste Salmo a Palavra de Deus afirma que os que temem ao Anjo do Senhor, serão libertos. Para fazer isso, o Anjo do Senhor só pode ser o Deus Todo-Poderoso.

Conclusão:

Podemos concluir que o Anjo do Senhor é o próprio Deus, e o próprio Senhor Jesus antes de sua vinda como homem. Para se entender melhor como que Cristo existiu antes de sua encarnação, deveremos entrar na matéria da teologia chamada Cristologia, que nos ensina detalhadamente a eternidade de Cristo, isto é, que Jesus já existia antes de todas as coisas, pois Ele é Deus e um dos principais atributos da divindade é justamente a sua Eternidade, mas esse não é o assunto em questão, portanto não será tratado aqui. Achei importante tratar acerca do Anjo do Senhor porque é muito difícil encontrar qualquer artigo acerca disso. Meus muitos livros que tratam acerca da Angelologia (o estudo sobre os anjos) falam pouco ou quase nada a respeito do Anjo do Senhor. Muitas Bíblias de estudos também. Então, acredito que mostrar a verdadeira identidade do Anjo do Senhor possa ajudar alguns irmãos que ainda estão na dúvida. Espero sinceramente que Deus, pelo Seu Espírito, dê cada vez mais conhecimento, sabedoria e compreensão da Sua Palavra àqueles que buscam com o coração sincero conhecer a Verdade que liberta de todo erro.

Douglas Diniz , 18 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

domingo, 9 de janeiro de 2011

PEGADAS NA AREIA




Obs: Desconheço o autor desta poesia. Clique na imagem para ampliá-la.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Propaganda política na igreja é crime: Denuncie!


(Gostei deste texto e por isso estou postando aqui)

Caro amigo,


Estamos bem próximos das eleições, e como você já deve saber, algumas igrejas evangélicas (e também católicas ou de outras vertentes) têm como costume ceder o púlpito para candidatos discursarem. Toda véspera de eleição é comum ver o altar se transformar em palanque e as portas dos templos se abrindo para toda classe de charlatanismo.


Acontece que esta prática, além de medíocre, também é criminosa. Segundo a Lei 9.504/97 e de acordo com o artigo 13 da resolução 22.718/2008, do Tribunal Superior Eleitoral, fica proibida toda e qualquer propaganda eleitoral dentro de templo. A lei entende que os templos são espaços de acesso comum e não devem ser usados como palanques eleitorais.

Art. 13. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta, fixação de placas, estandartes, faixas e assemelhados (Lei nº 9.504/97, art. 37, caput).
§ 1º Quem veicular propaganda em desacordo com o disposto no caput será notificado para, no prazo de 48 horas, removê-la e restaurar o bem, sob pena de multa no valor de R$2.000,00 (dois mil reais) a R$8.000,00 (oito mil reais), ou defender-se (Lei nº 9.504/97, art. 37, § 1º).
§ 2º Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pelo Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada.
§ 3º Nas árvores e jardins localizados em áreas públicas, não é permitida a colocação de propaganda eleitoral, mesmo que não lhes cause dano.
§ 4º É permitida a colocação de bonecos e de cartazes móveis ao longo das vias públicas, desde que não dificulte o bom andamento do trânsito (Resolução nº 22.243, de 8.6.2006).
§ 5º A vedação do caput se aplica também aos tapumes de obras ou prédios públicos.
§ 6º Nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de propaganda eleitoral ficará a critério da Mesa Diretora (Lei nº 9.504/97, art. 37, § 3º).
Sendo assim, se você notar que estão usando sua igreja como curral eleitoral, DENUNCIE. Precisamos dar um basta nessa politicagem dentro dos templos. Igreja é lugar de louvar a Deus!


Distribuir santinhos, fazer o púlpito de palanque eleitoral e colocar cabresto no eleitor é uma atitude criminosa.


Para denunciar a politicagem na sua igreja, basta procurar a delegacia ou o cartório eleitoral.


Vamos acabar com essa palhaçada!


***


Fontes: Pulpito Cristão - Leis acesso Google nos seguintes links:


Presidência da República -Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídicos


LEI Nº 9.504, DE 30 DE SETEMBRO DE 1997.


http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9504.htm


PROPAGANDA ELEITORAL 2008 Resolução nº 22.718/2008/TSE17/05/2010

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Me identifiquei muito com esse testemunho...

Doutor StrangeLiturgy


Eu tenho amigos em lugares high-church.

Por Michael Spencer*

Originalmente publicado em InternetMonk, em 11 de abril de 2010. Traduzido com permissão.

A graça de eu estar em pé diante de uma igreja presbiteriana, vestindo toga, recitando o Credo Apostólico e dirigindo confissões congregacionais ainda não se perdeu pra mim. Se ao menos o pessoal da Igreja Batista de Hall Street pudesse me ver agora... eles não estariam rindo. (É Thomas Cranmer ali no canto com o sorrisinho irônico?)

Eu cresci com medo de qualquer igreja que não parecesse uma cruzada de avivamento. A primeira vez que eu fui a um culto católico romano, eu estava tão assustado e confuso que eu fugi. Quando todo mundo foi lá pra frente receber a comunhão, eu achei que era a hora do apelo e imaginei que era uma boa hora pra vazar. O stress de tentar entender os genuflexórios foi demais pra mim.

Mesmo igrejas metodistas me assustavam. Eu simplesmente não entendia o que estava acontecendo, mesmo nas liturgias mais simples, e acreditava que se envolver com elas era ruim para um cristão verdadeiro. “Bom mesmo” era o avivalismo evangelístico, e todos os esforços empregados em trazer gente pro altar, ou melhor ainda, pra cima dele, “dando testemunho” de como eles foram salvos. (Meu amigo anglicano ficava igualmente confuso com nossos cultos batistas, mas ele se virava bem melhor do que eu, que nunca tive coragem nem de visitar a igreja dele.)

Hoje, o avivalismo é que mete medo em mim, e a reconfortante previsibilidade da liturgia comum é o meu lar e da minha família. Quando ministros começam a improvisar e falar sobre “o que Deus pôs nos corações deles”, eu tenho vontade de fugir pela porta dos fundos. O Livro de Oração Comum de 1928, por mim, poderia se tornar a lei da terra.

Meus amigos costumam falar de igrejas litúrgicas como se fossem antros de satanismo escancarado. Nelas, cristãos falsos, mortos, presos pelas cadeias papistas da tradição, que apagam o Espírito a cada oportunidade, sentam-se congelados, adorando a Deus numa caixinha e considerando-se a si mesmos os únicos cristãos verdadeiros. Enquanto isso, na Assembléia do Avivamento Livre dos Pentecostais dos Últimos Dias do outro lado da rua, cristãos verdadeiros, livres no Espírito, ficam doidões e curtem o maior barato em Jesus, são salvos todo domingo e vêem Deus operando milagres todo culto. Cantalabashurias!

Eu já desisti de tentar me explicar pra essa gente. Como já fui um deles, um carismático ingênuo na minha época de escola, eu sei o quanto esse pessoal é convicto de que igrejas litúrgicas são erradas, e que tudo o que é verdadeiro precisa ser espontâneo. Mas acho que preciso registrar o que encontrei na tradição litúrgica, e por quê eu tirei os meus filhos do avivalismo e os ajudei a achar seu caminho em uma igreja que propositadamente evita as mesmas coisas a que eu mais dava valor quando era batista.

A causa de tudo

Um garoto não pode ser criterioso demais com o que lê. Eu não tenho idéia de onde tirei o (subvalorizado) livro de Robert Webber, The magic tapestry (“A tapeçaria mágica”, sem edição em Língua Portuguesa, N. do T.), mas de alguma forma ele se achou nas minhas mãos e eu o li. Várias vezes. E para o meu constante proveito. Foi esse livrinho que me custou uma carreira promissora como avivalista na Igreja Batista do Sul.

Robert Webber é um professor de História da Igreja e Teologia que dedicou sua carreira a encorajar os evangélicos a aprofundar sua apreciação das tradições mais amplas do culto cristão. Magic tapestry foi minha introdução a uma tradição cristã da qual eu jamais tinha ouvido antes. (O tamanho da minha ignorância desafiava qualquer medida. Eu não tinha idéias verdadeiras sobre qualquer forma de cristianismo além do meu próprio fundamentalismo e do que me falavam sobre os católicos. E a maior parte do que eu acreditava sobre a minha própria gente estava errada também.)

Lá estava o Ano Cristão, os grandes temas da redenção esboçados na liturgia. Aqui estava a Igreja militante e triunfante, e uma profundidade de apreciação da Bíblia como fonte do culto que eu não encontrava no meu cantinho de religião. Aqui estavam os Salmos, as Coletas, os Responsos e outras vozes de um culto simples, bíblico. Ali estavam os laços que uniram cristãos através da História e das denominações; a Igreja una, santa, católica e apostólica. Ali estavam as confissões, os credos, os santos, os mártires e, sim, a liturgia da cristandade. E aparentemente ela era toda minha, embora eu estivesse em uma igreja que acreditava que a maior parte dessa gente estava torrando no inferno.

Eu estava cativado. Webber previa que a tradição cristã mais ampla tem um apelo particular para a geração dos boomers que se desgostou do denominacionalismo. Eu cresci no coração do denominacionalismo, mas muitas das minhas amizades cristãs mais significativas eram com não-batistas do Sul. Eu sabia que esses irmãos eram cristãos, e sentia que eles eram parte de uma família cristã maior, à qual eu pertencia, mas eu não sabia disso. Webber se concentrou no tema do Christus Victor, o Cristo Vitorioso, e me mostrou como o culto da igreja rememora esse tema a cada vez que se reúne para cultuar. Ali estava a Ceia do Senhor como uma grande mesa de comunhão e uma prévia do banquete escatológico do fim dos tempos. Ali estava o Batismo para dentro do corpo de Cristo, não apenas para dentro da “nossa igreja”. Ali estava a aceitação de outros cristãos na grande tradição, em vez de uma exclusão de todos os outros por questões que eram evidentemente triviais ou mesmo falsas.

O efeito do livro de Webber em mim foi profundo – e ele continua até este dia, quando eu cada vez mais valorizo a grande tradição da fé que vem da Antiga Aliança para a Nova e pela Igreja de todos os tempos e lugares.

Mudando de pato pra ganso

Em 1982, nós nos mudamos para Louisville para que eu pudesse freqüentar o seminário. Eu já tinha trabalhado em tempo integral como Pastor Auxiliar para a Mocidade por três anos antes de voltar a estudar, e não estava interessado de verdade em novas vagas com os jovens. Eu queria pastorear, e me recusei a me inscrever para várias vagas na área de Louisville.

Mas um dia eu fui contatado pela Igreja Batista Highland, uma igreja perto do seminário no bairro do Triângulo Cherokee de Louisville. Highland não era o tipo de Igreja Batista do Sul com que você está acostumado. Pra começo de conversa, ela era extremamente high-church pros padrões batistas do Sul no Kentucky, pra dizer o mínimo. A maioria dos pastores da convenção, ao visitá-la, sentiriam que tinham entrado em uma igreja presbiteriana razoavelmente alta. O culto era litúrgico. A Bíblia era lida em três lições. Orações comunitárias, responsos e confissões eram comuns. A música, embora ocasionalmente ciente e apreciadora de suas raízes avivalistas, era bem polida, séria e clássica. O pastor, Paul Duke, era um jovem pregador cujos sermões estavam enchendo a igreja de profissionais e da comunidade acadêmica do seminário. Ele pregava em cima do lecionário e se inclinava mais para Fosdick e Craddock do que para Criswell ou Vines. O belo santuário de pedra era cheio das cores litúrgicas e do Ano Cristão.

Eu tentei não bancar o Zé Buscapé, mas a verdade é que eu estava bestificado. Isso era chique demais pra um garoto do sertão avivalista do oeste do Kentucky. Não, eles não vestiam togas ou usavam incenso, e sim, eles tinham apelos, mas essa era uma igreja intencionalmente plugada na tradição de que Webber estava falando. Nos meus dois anos como ministro dos jovens em Highland, eu fiz um trabalho razoável com os estudantes. Mas aprendi o bastante sobre a Igreja para me mudar pelo resto da vida. Nunca mais me senti confortável no culto típico de uma igreja batista do Sul.

O seminário reforçou muito do que eu estava aprendendo em Highland. Eu finalmente passei a entender a tradição da igreja, e enxergar o valor de deixar que essa grande tradição substitua o denominacionalimo. Ao mesmo tempo, eu vi algumas das possibilidades de integrar essa tradição com a missão da igreja; as muitas maneiras pelas quais a Bíblia e a tradição, em vez da modernidade e do pragmatismo, podiam moldar o evangelismo e o ministério.

Em História da Igreja, eu estudei essa tradição, e em Teologia eu vi o seu desenvolvimento e influência. Pela primeira vez, eu vi como minhas raízes batistas fundamentalistas se relacionavam com aquela tradição mais ampla. Eu compreendi que mesmo nas trilhas de serragem do avivalismo, havia ecos de um culto litúrgico e do Livro de Oração Comum. Eu notei que o Hinário Batista de 1956, examinado mais de perto, estava cheio de textos que não foram escritos mês passado em Nashville. Alguns eram traduções de textos latinos antiquíssimos. Letras católicas? No meu hinário!? E essa foi só uma das muitas formas em que meus olhos foram abertos à influência englobadora da tradição cristã.

O que eu amo

O que eu amo no culto litúrgico?

Eu amo o Ano Cristão. Quando eu era empregado nas igrejas, nós éramos mandados organizar o ano da igreja em torno das várias ofertas e ênfases denominacionais da Convenção Batista do Sul. Exceto pelo Natal ou Páscoa, não havia vestígio do Ano Cristão. Era o programa da igreja que unia o nosso culto e a nossa pregação. Eu me lembro de como isso nunca me pareceu estranho até que eu tive filhos. Então ficou óbvio que o Ano Cristão era um meio básico de ensinar a nossas crianças – e a toda a congregação – a história do Evangelho.

Hoje, o Ano Cristão é uma das minhas paixões. Advento, Quaresma, Semana Santa, Epifania, Domingo da Trindade, Cristo Rei, Ascensão, Anunciação, Batismo do Senhor – todos esses dias nos ensinam a história de Jesus e nos pregam o Evangelho. Por que quereríamos negligenciar essa grande herança? Por que não podem todos os cristãos ver o valor na celebração visual e artística do Evangelho que é tornada possível por meio do uso do Ano Cristão?

Um dos erros mais tristes do fundamentalismo é presumir que se uma coisa é “católica”, ela é católica romana, e portanto, é veneno. O Ano Cristão é propriedade de todos os cristãos, e eu só posso me alegrar que mais e mais evangélicos de todas as linhagens estejam redescobrindo o Advento e a Quaresma. Tenho esperança de que em breve vejamos o Ano Cristão retomado em todas as igrejas, e uma maior unidade de culto criada como resultado disso.

Eu amo o lecionário. Três passagens da Bíblia lidas em um culto! Nas minhas raízes avivalistas, você podia brandir a Bíblia no ar, bater com ela no púlpito, arrancar páginas dela para ilustrar um sermão e citar versículos isolados, mas não podia ler muito dela exceto na Escola Dominical. Três leituras no culto provavelmente seriam em um programa especial de Natal, ou talvez uma Escola Bíblica de Férias fora de controle.

É claro que isso é irônico. Nas igrejas litúrgicas, a Bíblia é lida o tempo todo e aparece em todas as partes do culto. Já se disse por aí que mesmo que o sermão seja repetidamente ruim, ainda se salva no culto dessas igrejas o Evangelho e uma boa dose de doutrina sólida, só com a liturgia e as orações.

Além disso, pregar no lecionário é uma maravilhosa alternativa ao método “o que quer que o irmão Zezinho sinta no coração esta semana”. Os lecionários unem os cristãos, visto que muitas e diferentes igrejas lêem as mesmas lições e ouvem sermões sobre as mesmas passagens do Evangelho ou das Epístolas. Comentários ao lecionário permitem que pregadores compartilhem suas idéias sobre como abordar o texto. E, é claro, o lecionário mantém a Bíblia no centro do sermão. Você não pode simplesmente correr atrás do tema do dia quando o lecionário está cumprindo o seu papel.

Eu estava em uma igreja anglicana na semana anterior ao referendo sobre a ordenação do Bispo Robinson. O texto da semana, é claro, não tinha nada a ver com o assunto do dia. O pároco, que sentiu que a congregação precisava ouvir sobre o assunto polêmico, fez o texto trabalhar para isso, mas ainda teve de voltar e falar sobre o Evangelho por mais da metade do sermão. Eu achei que isso foi um ótimo exemplo de como o lecionário resiste aos nossos próprios interesses, e nos mantém em cima das Escrituras, pregando Cristo.

Eu amo os credos, confissões e responsos do culto litúrgico. Nada parece incomodar mais o cristão não-litúrgico do que os pecados gêmeos de: 1. Falar coisas juntos; e 2. Dizer algo toda semana. Por que isso irrita tanto? Aparentemente, essas pessoas acham que não fazem isso.

Hein? O quê? Já ouviu falar de cantar? A maioria das igrejas protestantes passa boa parte do tempo do culto dizendo/cantando as mesmas coisas juntos com tanto entusiasmo quanto conseguem ter, mas se você tirar os instrumentos e a melodia, então estamos marchando para os penhascos do romanismo. Não é besta, isso?

E mais; a última vez que eu conferi na minha igreja natal, as orações espontâneas e ministrações da semana foram marcadamente parecidos com os da semana anterior. Pense nos bumerangues semanais tais como a oração de consagração das ofertas feita pelo Diácono João: “Senhor, abençoa estas ofertas, abençoa aqueles que as entregaram. Abençoa os doentes e sê com o nosso pastor. Se houver alguém aqui que não é salvo, permita que eles venham a Cristo antes que seja tarde demais para a eternidade. Em nome de Jesus, amém.” Parece familiar para alguém? Isso faz da Oração de Coleta da semana um oásis de inovação.

Uma das minhas horas favoritas no culto é a confissão congregacional. Ficar juntos de pé, dizendo em uníssono as palavras que concordam que nós somos todos falhos e precisamos da graça, eu me sinto em casa. O mesmo acontece com os Credos Niceno e Apostólico, a Oração do Senhor, as perguntas dos catecismos e nossa leitura responsiva do Salmos da semana. Juntos, como um só corpo, sem ninguém tentando aparecer, nós confessamos os nossos pecados, anunciamos a nossa fé e falamos com Deus nas palavras que ele mesmo nos deu.

Eu amo o fato de que o culto litúrgico não é cada pessoa fazendo o que ele ou ela quer fazer. Longe de mim criticar o comportamento individual de qualquer grupo de participantes do culto, mas eu gostaria de sugerir que tem alguma coisa muito errada com um culto onde as pessoas recebem permissão para tentar se superar umas às outras na participação e no entusiasmo. Bem, muitos dos meus amigos chamam isso de ser “livre” no culto, mas esse tipo de liberdade parece ter certas conseqüências previsíveis.

Exibicionistas e pessoas que querem atenção realmente entram na dança. Pessoas que querem fazer da vida um palco ou uma tela se sentem convidados a impressionar ... o resto de nós? (Quando é que os intermináveis números de jovens dizendo que foram chamados para o “ministério de louvor” vão acabar?) Distrações são a norma, e o pobre cara que só fica lá sentado é bombardeado com culpa e constantes admoestações para “se libertar” e “gritar/bater palmas/pular/bater os pés/uivar/dançar para o Senhor”.

O culto litúrgico diz que, se não podemos fazer juntos, provavelmente não vamos fazer. Simples assim. É claro, algumas pessoas se ajoelham e outras não. Alguns cantam mais alto que os outros. Sempre haverá meios para a natureza humana escapar, mas a idéia é cultuar como uma congregação, e a liberdade para adorar a Deus vem junto com a liberdade que ganhamos ao pôr rédeas no ego e na exigência de sermos reconhecíveis pela cultura.

Serei direto: algumas igrejas transformaram o culto em um caos vergonhoso, que não tem nenhuma semelhança com o mandamento de “ordem e decência” do Apóstolo. Nós somos seres humanos caídos. Quando se remove qualquer restrição e se nos manda sermos “livres em Deus”, não se assuste se você começar a ter por aí gente correndo, fingindo de bêbados ou sabe Deus o que mais. Sim, essa é a projeção mais pessimista, mas está se tornando verdade demais para ignorar.

Graças a Deus pela sanidade das igrejas litúrgicas.

Na verdade, eu talvez seja ainda mais grato porque a liturgia não sente a necessidade de impressionar o mundo ao ser igual a ele. É a coisa mais não-contemporânea, não voltada-ao-público de que eu tenho notícia na igreja. É o próprio jeito da igreja de ouvir e falar, e até agora o mundo tem tido bem pouco sucesso em transformar a liturgia em um produto comercial para o espírito desta era. Isto não quer dizer que alguns liberais e inovadores não tenham caído na tentação e violentado a tradição do Livro de Oração Comum em nome de alguma coisa moderna. Mas vá a qualquer igreja litúrgica – em qualquer lugar – e maravilhe-se em como muito do cristianismo sobreviveu até mesmo ao massacre promovido pelos blasfemadores.

Eu amo o fato de que muito do que é dito afora o sermão, é preparado de antemão. Em outras palavras, eu amo o fato de não ter de ouvir o irmão Zé ficar falando sobre o que Deus colocou no coração dele ESTA SEMANA!!

Uma vez eu tive uma longa conversa com um atencioso jovem que não conseguia – absolutamente, não conseguia – entender minha preferência por um culto litúrgico. Eu lhe perguntei se ele nunca se cansou de ouvir pregadores falando. Só falando, sem parar, pra dar a hora. Especialmente, se ele não enjoava das piadinhas e comentários fofinhos e dos apartes desnecessários. Se ele às vezes não desejava poder simplesmente ir à igreja e ouvir a Bíblia, boas palavras de encorajamento, orações curtas e objetivas e um mínimo de papo alegrinho? Ele admitiu que eu estava certo, mas que não importa o quanto o pregador imitasse o Jay Leno, ele não seria convencido a ir a um lugar onde o culto é lido.

Eu entendo que ele se sinta assim, mas uma vez que você esteja dentro de uma boa igreja litúrgica que trabalha para que cada culto tenha seu significado, a impressão de estar seguindo um roteiro dá lugar a um verdadeiro apreço por CADA PALAVRA que é dita no culto. O valor dado a cada frase e a cada oração curta ou responso é um dos mais ricos tesouros da liturgia. As palavras não deveriam ser atiradas em nós como se não importassem, e não deveriam ser usadas para manipular do mesmo jeito que o mundo as usa para vender e corromper.

O evangelicalismo se tornou um culto das celebridades. Os pastores que lideram o movimento são superstars, até mesmo figuras de adoração e quase-culto. A maior parte dos cultos evangélicos encoraja essa imitação do mundo do entretenimento. Músicos, pregadores, líderes de louvor, todos seguem as deixas de estilo, roupa e até jeito de falar, da idolatria do entretenimento da nossa cultura. O culto litúrgico não encoraja isso, e na verdade trabalha contra isso ao restringir o papel do ministro na liturgia. O ministro é o servo da Palavra. Ele é ordenado para o ministério da Palavra e dos Sacramentos, e sua personalidade deve se tornar sua serva, de modo que a Palavra seja ouvida e vista.

O que quer que saia da boca de um pregador, são as palavras de um homem. Um homem caído como eu. Eu sei que a liturgia também são as palavras de homens caídos, mas há algo na liturgia comunitária de um culto high-church que mostra o que pode acontecer quando a personalidade é submetida a palavras selecionadas precisamente para dar glória a Deus e não ao homem. A liturgia foi “purificada”, como poucas criações humanas o foram, para trazer as palavras dos homens à sujeição da Santa Palavra de Deus. Eu gosto do resultado, e creio que ele me tem feito bem.

Eu amo um monte de outras coisas. Eu amo o emprego da arte e da arquitetura para glorificar a Deus. Eu amo os hinos. Eu amo o senso de História. Eu amo a humildade no coração da liturgia. Eu amo o constante retorno à linguagem da Bíblia. Eu amo as vozes do povo através das eras se tornando as vozes dos participantes da minha igrejinha. Eu amo a centralidade dos Sacramentos, especialmente daquela esquecida celebração em torno da Mesa do Senhor. Eu amo a mensagem teologicamente dirigida do culto litúrgico, onde Deus importa mais do que a audiência.

O que há para não se amar?

O culto litúrgico pode ser uma coisa muito ruim, os críticos dizem. Ele pode ser vazio, congelado, repetitivo, insincero e elitista. Ele certamente pode subir à cabeça de alguns tipos de pessoas. Como qualquer expressão de culto humano, o uso do ritual pode dar margem a que nossa condição caída transforme as palavra que se diz sobre Deus em mero ruído de fundo para as divagações da mente humana. Ele exige muito mais do que os outros tipos de culto, e você precisa praticar bastante para se tornar bom nele. Ele não é amistoso para os preguiçosos ou os que se entediam facilmente.

Ainda assim, me parece que a resposta para a “mortidão” no culto não é a simples inovação. Não é rejeitar a liturgia, que nos traz para a tradição cristã nas palavras da própria Bíblia. Os julgamentos da liturgia feitos pelos consumidores do culto moderno não são confiáveis. Ela vai sobreviver e, se nós a valorizarmos, ela irá florescer agora e no futuro. Ela irá durar mais do que as pesquisas e enquetes de mercado, porque ela já durou mais do que todas as modas e tendências que teve de enfrentar, e ainda hoje continua a servir a Igreja.

Reviver a liturgia, trazer novas expressões de culto às formas antigas, nova música, novas abordagens para o culto congregacional, todas estas são tarefas importantes para aqueles de nós que valorizam a liturgia, e crêem que ela deve se fortalecer e sobreviver a estes tempos para uma vez mais testemunhar de Cristo, quando as inovações da era das mega-igrejas emergentes se tornarem as modas abandonadas do passado.

Webber crê que as gerações que vêm após os boomers serão mais abertas à liturgia do que seus pais, porque eles estarão esgotados com as cínicas tentativas de fisgá-los com luzes e gelo seco. A linguagem da liturgia tem um potencial muito rico para alcançar aqueles que estão cansados de televisão e Powerpoint e procuram por simbolismo e substância para se unir a algo rico e verdadeiro. Mesmo igrejas pentecostais/carismáticas têm mostrado uma abertura para rever seu próprio culto e reabrir o diálogo com suas litúrgicas e clássicas raízes cristãs. Há uma exaustão no pessoal do culto moderno, e a liturgia é o oásis que muitos irão encontrar para sua sequidão e cansaço.

Eu me alegro por ter-me encontrado no culto litúrgico e em uma apreciação pela mais ampla tradição cristã. Espero que os anos que me restam me dêem oportunidades para compartilhar dessa verdadeira renovação do culto bíblico com muitos dos meus amigos evangélicos. Este é um tesouro que vale a pena encontrar e passar adiante, pois a cada nova geração que descobre o culto da igreja antiga, o próprio tesouro da tradição cristã se torna mais rico.

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* Michael Spencer foi pastor batista, fundador e editor do blog Internet Monk. Ele faleceu no dia 05 de abril de 2010, após anos de luta contra um câncer. Ele é o autor de Mere Churchianity, que será publicado postumamente em 15 de julho de 2010. A Sociedade pela Liturgia Reformada transmite seus pêsames aos amigos e familiares, e agradece a pronta disponibilidade dos demais editores do Internet Monk em autorizar esta tradução e publicação.

Esse texto em seu contexto original:
http://liturgiareformada.blogspot.com/2010/04/doutor-strangeliturgy.html