sábado, 28 de maio de 2011

O Melhor Estudo Sobre Arrependimento Que Já Li


ARREPENDIMENTO: O que a Bíblia ensina?

Dr. Curtis Hutson

Não há dúvida de que todos os homens, a partir de Adão, têm precisado arrepender-se, a fim de poderem ter um correto relacionamento com Deus. A importância do arrependimento é demonstrada no fato de que os homens de todas as eras bíblicas o têm pregado. João Batista pregou arrependimento em Marcos 1:15, quando disse: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho”. O Apóstolo João pregou a necessidade do mesmo, em Apocalipse 2.5, quando exortou a igreja de Éfeso: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”.
O próprio Senhor Jesus Cristo enfatizou sua importância, quando disse, em Lucas 13.3: “...antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis”.
O problema não é pregar o arrependimento, mas dar uma errônea interpretação da palavra. Através dos séculos, “arrepender-se” tem significado uma coisa muito diferente do que foi dito por João Batista, pelo Apóstolo Paulo e pelo próprio Senhor Jesus Cristo. Se vocês observarem [as palavras] “arrepender-se” ou “arrependimento” no dicionário moderno, irão encontrar definições como: “ficar triste ou sentir-se culpado”, “ficar de consciência pesada”, ou “desviar-se do pecado”. Ao usar estas definições, as pessoas têm pregado reforma em vez de arrependimento. Se vocês observarem como a palavra grega foi traduzida na Bíblia King James e usada por Jesus, Paulo, João e outros, no Novo Testamento, irão descobrir que a palavra “metanoeo” significa pensar de maneira diferente, isto é, mudar a mente.
Nesta mensagem sobre o arrependimento, quero discutir três coisas. Primeiro, as errôneas ideias sobre o arrependimento; segundo, os fatos sobre o arrependimento e, finalmente, fé e arrependimento. Primeiro, vejamos algumas Ideias Erradas Sobre O Arrependimento.
Supomos que existam muitas ideias errôneas sobre o arrependimento, mas aqui trataremos da mais popular dentre elas. Talvez a ideia errônea mais popular seja a de que o arrependimento é o abandono do pecado. Temos ouvido alguns pregadores bem conhecidos dizendo: “Quem quiser ser salvo, arrependa-se e abandone os seus pecados”. Se abandonar os pecados significa deixar de pecar, então as pessoas só serão salvas se deixarem de pecar. E é impossível que alguém já tenha sido salvo, visto como não existe pessoa alguma que tenha deixado de pecar.
Recentemente, pedi a uma grande congregação que se houvesse alguém ali presente que não tivesse pecado na semana que passou, levantasse a mão; nenhuma mão foi erguida. Não conheço pessoa alguma que tenha passado pelo menos um dia sem pecar. Claro que vocês não vão cometer assassinato, adultério ou roubar um banco; porém, mesmo assim, vão pecar. Romanos 14.23 diz: “...tudo o que não é de fé é pecado”. Em Tiago 4.17, lemos: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado”.
Quando eu era um garoto, lembro-me de ter escutado um pregador orando: “Senhor, perdoa-nos os pecados de omissão e também os de comissão”. Existe o tal pecado de omissão. A Bíblia diz isso no Livro de Tiago [conforme o verso supracitado].

A Primeira Epístola de João foi escrita para os crentes e lemos na 1 João 1.10: “Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós”. Aqui, o pronome “nós” se refere aos cristãos, aos crentes. Então, qualquer crente que afirme que não pecou está fazendo Deus mentiroso.
Há sete anos, li o livro de um professor de uma universidade fundamentalista. No capítulo a respeito da salvação, ele escreveu: “Abandone o seu pecado e Deus lhe dará um novo coração”. Ele mostrava o arrependimento como “deixar de pecar”. Escrevi àquele irmão amado, expressando minha preocupação, por saber que tal ensino frustra o incrédulo, fazendo-o pensar que a salvação é algo inatingível, visto como ele não consegue viver uma vida sem pecado. Este escritor respondeu que havia se arrependido e abandonado os seus pecados. Quando perguntei se ele havia deixado de pecar, após ter sido salvo, ele precisou responder honestamente à pergunta, admitindo que havia pecado, após ter sido salvo. Então, ele concordou em mudar a declaração feita em seu livro. [N.T - É bem mais fácil pregar do que viver conforme a pregação].
Se arrependimento significa abandono do pecado e abandonar o pecado significa deixar de pecar, então a pessoa precisa viver uma vida sem pecado, para ser salva. E se este for o caso, então ninguém pode ser salvo, visto como não existe pessoa alguma que seja perfeita. Ninguém precisa melhorar para ser salvo. A pessoa é salva para se tornar melhor e ninguém se torna melhor, antes de confiar em Cristo. Quando nEle confiamos como nosso Salvador, recebemos uma nova natureza [N.T. - conforme a 2 Coríntios 5:17]. Na 2 Pedro 1.4, lemos: “... Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo”. Com esta nova natureza vêm novos desejos e novo poder para transformar esses desejos em realidade.
Em Filipenses 2.13, lemos: “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”. É a presença de Deus no crente que lhe dá tanto o desejo como o poder de viver uma vida melhor. E ninguém pode ser habitado por Cristo na Pessoa do Espírito Santo, antes de ser salvo.
A vida cristã não é uma imitação de Cristo [N.T. - Conforme o livro “Imitação de Cristo”, do místico católico Thomas de Kempis]. É Cristo vivendo Sua vida em nós, quando a Ele nos submetemos. É isso que Paulo quer dizer em Gálatas 2.20: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.
Alguns anos atrás, após ter concluído minha pregação num culto matinal de domingo, várias pessoas confiaram em Cristo como Salvador, inclusive uma senhora com cinco filhos. Observei um homem sentado num banco, o qual não havia respondido ao apelo. Após o culto, fui falar com ele, enquanto muitos membros da igreja estavam cumprimentando aquela senhora, seus cinco filhos e outras pessoas, que haviam confiado em Cristo, naquela manhã.
Quando conversei com ele, trocando palavras durante alguns minutos, ele finalmente explicou: “Para ser honesto, tenho medo de não conseguir viver de acordo.”

Imagino que aquele homem tinha a ideia de que, para ser salvo, ele precisaria prometer a Deus que não iria mais pecar, achando que “arrepender-se é abandonar o pecado”. Por isso, eu fui claro ao perguntar: “O que o senhor entende por viver de acordo?” Ele respondeu: “Bem, eu sei que, provavelmente, vou pecar”. Portanto, eu falei: “Ora, se ser salvo é prometer a Jesus que o senhor não vai mais pecar, então eu jamais poderia ter sido salvo, porque não consigo viver uma vida sem pecado”. Prossegui, explicando que, para ser salvo, alguém precisa simplesmente confiar em Cristo como Salvador. Abri a Bíblia em João 3.36 e li: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”. Depois, apontando verso, indaguei: “Este verso diz que aquele que crê no Filho - e vive de acordo - tem a vida eterna?” Ele respondeu: “Oh, não!” Ora o verso diz: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna”. Completei: “Então, aquele que crê no Filho tem a vida eterna; portanto, a pessoa precisa apenas confiar no Filho, conforme a Bíblia diz: ‘crer no Filho’ para ter a vida eterna?”. “Bem”, ele respondeu: “Suponho que devemos fazer o que a Bíblia diz - crer no Filho.” Concluí: “Então, o senhor deseja confiar em Jesus Cristo, como Salvador, agora mesmo?” Com um sorriso no rosto, ele respondeu: “Claro que eu quero!”. Em seguida, ele foi se juntar à esposa e aos cinco filhos. Então, os membros da igreja vieram apertar-lhe a mão, regozijando-se com ele, por ter confiado em Cristo como Salvador.
Algumas semanas depois, recebi o telefonema de um pastor, a algumas milhas de Atlanta, Geórgia, informando que um homem, sua esposa e cinco filhos haviam se juntado à igreja para o batismo e lhe contaram que haviam sido salvos na Forest Hills Baptist Church, em Decatur, Geórgia. Ele disse: “Dr. Hutson, acho que o senhor gostaria de saber disso”. Claro que me alegrei, ao saber que eles haviam se juntado a uma [boa] igreja próxima do lugar onde moravam. Aquela família progrediu na fé, tornando-se obreira na igreja. Mais tarde, o casal comprou o seu próprio ônibus e começou a levar uma porção de crianças para ouvir o Evangelho.
Imagino que existam muitas pessoas que gostariam de ser salvas, mas a elas foi apresentada a errônea ideia de que arrependimento significa abandono do pecado, convencendo-se de que não podem ser salvas. Oh, se pudéssemos simplesmente tornar a salvação clara, explicando-lhes que ninguém é salvo por fazer alguma coisa, mas por confiar no que Cristo já fez. Ele morreu há 2.000 anos pelos nossos pecados, tendo pagado totalmente a dívida do pecado e a Bíblia diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” João 3.16.
Agora, por favor, não me interpretem mal. Não quero tratar o pecado levianamente, mas apenas evitar que um incrédulo pense que a salvação é inatingível.
A segunda ideia errônea é a de que arrependimento significa tristeza pelo pecado. A Bíblia diz na 2 Coríntios 7.10: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”. Embora a tristeza segundo Deus opere o arrependimento, isto não é o mesmo que o arrependimento, conforme é ensinado. Temo que sejamos culpados de ensinar os outros a partir da nossa experiência, em vez de buscar o ensino da Bíblia. Devemos nos lembrar que a Bíblia é o princípio e não a experiência humana. Temos ouvido pregadores notáveis contando sua experiência de salvação, descrevendo o seu lamento e tristeza e como se sentiam miseráveis e humilhados, antes de serem salvos. Quando fazem isso, eles sugerem que o incrédulo deve sentir uma certa tristeza, antes de ser salvo. Se este fosse o caso, quanta tristeza deveria um homem sentir e quanto exatamente precisaria chorar e gemer diante de Deus, antes que Deus quisesse salvá-lo! Este tipo de ensino sugere a falsa ideia de que, basicamente, Deus não está querendo que os pecadores sejam salvos [N.T. - contrariando 1 Timóteo 2.4]. E, enquanto não enternecerem o coração divino com as suas lágrimas, Deus nunca os aceitará nem lhes concederá o perdão dos pecados {*}.
A verdade é que Deus está mais desejoso e pronto a salvar do que os homens possam confiar que Ele o faça. A verdade é que Deus continua fazendo tudo que pode para salvar os homens. Há 2.000 anos, Ele colocou todos os nossos pecados sobre o Seu Filho Jesus Cristo e, em seguida, Ele pagou a dívida que era contra nós, para que, após a morte, não tenhamos coisa alguma a ser paga. É exatamente isto que a Bíblia diz em João 3.16 e [N.T. - e em Colossenses 1.14 e 2.14].
Em matéria de salvação, nenhuma quantidade de choro ou tristeza vai convencer o nosso Deus a fazer tudo que Ele já fez. Quando Jesus estava na cruz e exclamou: “Está consumado!” (João 19.30), o preço de nossa salvação foi totalmente pago. Nada pode ser acrescentado ou subtraído disto. Não precisamos chorar ou implorar que Deus faça algo mais, pois Ele já o fez. Só precisamos confiar nEle!
O problema não é que Deus seja inflexível ou inatingível, mas que o homem sempre falha. O grande evangelista D. L. Moody insistia em que o inquiridor não deveria buscar a tristeza, mas buscar o Salvador. A morte e o sangue derramado por Cristo na cruz são suficientes para o perdão dos pecados. Efésios 1.7 diz: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça...”. Observem que o perdão dos pecados é através do Seu sangue. Não é pela morte de Cristo mais tristeza; não é pela morte de Cristo, mais lágrimas; não é pela morte de Cristo mais clamor! Não, não e não! A Palavra de Deus deixa claro que a salvação está embasada exclusivamente na morte de Cristo e na fé e confiança do crente nEle. Atos 16.31 diz claramente: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”. Basta crer. Aqui não é dito: creia e chore; creia e ore; creia e se lamente; creia e se entristeça pelos seus pecados; mas é dito: CREIA! E somente CREIA!
Alegro-me, quando vejo alguém preocupado com os seus pecados, mas devemos ter muito cuidado ao apresentar o plano de salvação, e não insistir que a pessoa tenha um certo grau de tristeza pelos seus pecados, antes de ser salva. Tristeza não é arrependimento e essa exigência para a salvação não se encontra na Bíblia.
Outra ideia falsa sobre o arrependimento é a reforma. Quase todas as religiões do mundo ensinam que o homem precisa fazer alguma coisa, ou se tornar alguém, para ser salvo. Uns dizem que você precisa se juntar a uma igreja, pois, se não pertencer a um grupo especial, não pode ser salvo. Outros ensinam que você deve ser batizado de uma certa maneira ou por um certo pregador. Outros ensinam que você precisa se comportar de uma determinada maneira. Eles dizem: “Se você não se emendar, vai para o inferno!” Outros ensinam que você precisa tomar algumas resoluções ou fazer promessas, para ser salvo, e que se você não cumprir essas promessas estará perdido!
Ah! Se todos pudessem entender o meridiano plano da salvação! Isso poderia esclarecer muita confusão!
A salvação é um dom e nada podemos fazer para ganhá-la. Tudo que se pode fazer a respeito de um dom é recebê-lo. João 1.12 diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome”.
Meu amado antecessor, o Dr. John Rice, costumava dizer: “Se você quiser ir para o inferno, terá de pagar passagem; mas se quiser ir para o céu, isto é de graça”. Claro que ele estava certo. Em Romanos 6.23, lemos: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor”. A salvação é um dom gratuito.
A reforma pode até ser uma boa coisa, mas quando se faz da reforma ou do arrependimento uma exigência de salvação, então eles se tornam malignos. A salvação vem de Deus e não do homem: “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1.13). A expressão “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne” significa que nada que o homem possa fazer para ganhar a salvação, inclusive a reforma, tem valor algum para a sua salvação, mas somente o que Deus faz. O comportamento bom ou mau nada tem a ver com a salvação. Tito 3.5-6 diz: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador”.
Em Efésios 2.8-9, lemos: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”.

É impossível misturar a graça com as obras. A salvação é exclusivamente pela graça. Graça e obras não podem ser combinadas. Vejamos Romanos 11.6: “Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra”.
A reforma, como instrumento de salvação, é absolutamente fútil e arrependimento não é reforma. A reforma é um esforço da parte do indivíduo para estabelecer a sua própria justiça e a Bíblia ensina claramente que não somos salvos pela nossa própria justiça, mas pela justiça a nós imputada por Deus, conforme Romanos 10.1-4: “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”.
Se pudéssemos mudar e estabelecer a nossa própria justiça, isto não seria suficiente, pois, conforme Isaías 64.6: “... todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam”.
O melhor que podemos fazer é como “trapo da imundícia” diante do nosso Deus Santo. A única justiça que Ele aceita é a que nos foi imputada, no momento em que confiamos em Cristo como Salvador.
Que bendita promessa encontramos em Romanos 4.5: “Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”.
Minha esperança está edificada exclusivamente no sangue e na justiça de Jesus Cristo. Não ouso confiar em coisa alguma, por mais doce que seja, mas somente em o nome de Jesus.
(Ou, como diz o hino 366 do Cantor Cristão: Em nada ponho a minha fé, senão na graça de Jesus, No sacrifício remidor, no sangue do bom Redentor. A minha fé e o meu amor estão firmados no Senhor, estão firmados no Senhor).
Arrependimento não é reforma. Ninguém irá para o inferno se colocar a sua total confiança em Jesus Cristo, porém muitos cairão no tormento eterno, se confiarem na própria justiça e na reforma. Vamos ler Mateus 7.22-23: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”. As pessoas aqui mencionadas são as que confiam em suas próprias obras, em sua própria justiça para a salvação, em vez de confiarem exclusivamente na obra de Jesus Cristo.
Uma quarta ideia falsa sobre o arrependimento é que é penitência. O Dr. Harry Ironside disse:
“A penitência não é arrependimento. Ela é um esforço tentando fazer expiação por um mal cometido. Isto, o homem jamais pode fazer, e Deus, em Sua Palavra, nunca estabeleceu, como condição para a salvação, que o homem primeiro se punisse a si mesmo de tal modo que consertasse o mal que cometeu contra Deus ou seus companheiros. .... Ao contrário, a chamada é para o arrependimento [mudança de mente] e entre este e a penitência existe uma enorme diferença.”
A penitência é um sacramento da Igreja Católica Romana, envolvendo a confissão dos pecados e uma submissão à penalidade imposta, seguida pela absolvição dada por um sacerdote. Existe, sim, uma penalidade para o pecado, mas somente Deus pode decretar a penalidade, que é a morte, conforme Romanos 6.23:
“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.”
Ezequiel 18.4 diz: “Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá”. Em Tiago 1.15, lemos: “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”.
A penalidade de Deus para o pecado é a morte, a qual é descrita na Bíblia como a segunda morte, o lago de fogo, conforme Apocalipse 20.14: “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte”. Não existe quantidade alguma de penitência que pague pelos nossos pecados. A Bíblia ensina que Cristo já pagou por todos os nossos pecados, há 2.000 anos. A 1 Pedro 3.18 diz: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito”. Nossos pecados foram pagos, definitivamente, por Jesus Cristo, na cruz do Calvário. Na 1 Pedro 2.24, lemos: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados”.
Deus decretou a penalidade por nossos pecados, antes mesmo que Adão e Eva tivessem cometido o primeiro pecado no Jardim. Em Gálatas 2.17, lemos: “Pois, se nós, que procuramos ser justificados em Cristo, nós mesmos também somos achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De maneira nenhuma”. Toda a penalidade imposta por Deus pelo pecado, antes mesmo da queda do homem, foi totalmente paga por Jesus Cristo, há 2.000 anos. O que nos resta fazer é aceitar o que Ele fez e confiar totalmente nEle para a salvação.
Por que complicar o assunto e confundir os incrédulos na maneira como são salvos? Em Atos 16.31, lemos sobre o que Paulo respondeu ao carcereiro de Filipos: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa”. Arrependimento não é penitência.
Fatos Sobre O Arrependimento
Existe uma enorme diferença entre o que os homens pensam e o que a Bíblia realmente diz sobre o arrependimento. Vejamos alguns fatos sobre “arrepender-se”, conforme encontrados, tanto no Velho como no Novo Testamento. A palavra “arrepender-se” é encontrada 45 vezes na BKJ; “arrependimento”, 26 vezes; “arrependido”, 32 vezes; “arrepende-te”, uma vez; “arrepende-se”, cinco vezes; “arrependendo-se”, uma vez, “arrependidos”, uma vez, num total de 111 vezes, tanto no VT como no NT. A palavra em suas várias formas aparece 46 vezes no VT e 65 vezes no NT. Das 46 vezes em que ela aparece no VT, 28 vezes ela trata de Deus arrependendo-se, não o homem.
Por exemplo, em Êxodo 32.14, a Bíblia diz: “Então o SENHOR arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo”. Além disso, para as 28 vezes em que Deus se arrepende no VT, existem 9 passagens que afirmam as coisas sobre as quais Deus não se arrependeu. Das 46 vezes em que a palavra “arrependimento” aparece no VT, apenas 9 falam do homem se arrependendo, e 37 vezes, de Deus não se arrependendo ou nos falando de coisas sobre as quais Deus não se arrependeu, nem vai se arrepender.
Então, no caso de “arrepender-se” significar “dar as costas ao pecado”, temos um problema. Temos Deus abandonando o pecado, o que é inconsistente com o ensino da Bíblia, porque Deus é incapaz de pecar e, portanto, não tem pecados aos quais dar as costas. Mas, se “arrependimento” significa “mudança de mente” [ou de ideia] a respeito de algumas coisas, então é consistente. Temos Deus mudando sua mente sobre algumas coisas e temos 9 casos no VT, nos quais Deus afirma que não mudará a Sua mente. Agora, isto faz sentido. Existem muitas coisas sobre as quais eu jamais mudaria a minha mente. Por exemplo, não me “arrependo”, e jamais mudaria a minha mente sobre o fato de que a Bíblia é Palavra de Deus. Não me “arrependerei” ou mudarei minha mente sobre o nascimento virginal de Jesus, o Filho de Deus. Não mudarei minha mente sobre o fato de que a salvação é pela graça, através da fé. Existem outros assuntos importantes sobre os quais não me “arrependerei” ou mudarei minha mente.
Por outro lado, existem algumas coisas sobre as quais eu me “arrependeria” ou mudaria a minha mente. Posso planejar uma determinada atividade para a próxima semana, mas antes que chegue o dia, poderei mudar a mente [ou mudar de ideia], para fazer outras coisas. Claro que minha esposa diz que eu mudo de mente muitas vezes e ela tem razão. Eu tenho dito que minha está limpa [de culpa sobre um determinado assunto], mas isso é verdade porque a mudo frequentemente. Ora, se eu posso mudar minha mente sobre certas coisas e não sobre outras, certamente Deus pode fazer o mesmo.
Algumas vezes, no VT, a palavra transporta a ideia de sentir tristeza ou lamentar-se. Algumas vezes onde ela é usada, alguém é ordenado a se arrepender do que é errado e seguir o que é certo. Outras vezes, a palavra fala de [alguém] se arrepender da decisão de fazer o que é certo e decidir fazer o que é errado. Mas a própria palavra, usada algumas vezes em conexão com o pecado, não tem a significação de abandonar o pecado, seu significado é sempre o de uma mudança de mente. Outras vezes, no VT, ela significa voltar atrás na palavra dada por alguém. Em Números 23.19, a Bíblia diz: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?”
Já mencionamos muito antes que “arrependimento” em suas várias formas é encontrado 65 vezes no NT. Dessas 65, 58 vezes ela é traduzida das palavras gregas “metanoia” e “metanoeo”. Conforme o dicionário grego do NT, “metanoia” é o substantivo de “metanoeo”, sendo que ambas significam a mesma coisa: “mudança da mente”. A definição da Concordância Strong de “metanoeo” é “pensar diferentemente”, ou então, “desconsiderar”. Estas duas palavras gregas são sempre usadas com respeito à salvação. Nenhuma outra palavra grega é traduzida como “arrepender-se”, ou “arrependimento”, referindo-se à salvação.
O problema e a confusão não residem em pregar o arrependimento, ou dizer que arrependimento é uma mudança de mente, a qual conduz a uma mudança de ação. O problema é dar uma definição errônea à palavra.
Ensinar que o homem deve abandonar os seus pecados, ou mudar suas ações, para ser salvo, é uma contradição ao claro ensino da Palavra de Deus de que o homem é salvo exclusivamente pela fé em Cristo. Embora ouçamos muitas vezes a expressão “Arrependa-se dos seus pecados”, esta frase não está na Bíblia. Do que o arrependimento (ou mudança da mente) trata é sempre determinado pelo contexto. Por exemplo, em Atos 17.30, lemos: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam”.
Aquelas pessoas precisavam mudar a mente a respeito de Deus: “Porquanto [Ele] tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos”. (Atos 17.31). Em Lucas 13.5, Jesus disse aos judeus: “... Se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis”.
O contexto deste verso mostra que os judeus precisavam arrepender-se, ou mudar suas mentes, com respeito ao castigo e ao pecado. Cristo estava falando a pessoas boas, as quais acreditavam que as outras sofriam por causa dos seus pecados e concluíram que aqueles galileus, cujo sangue Pilatos havia misturado aos sacrifícios, e aqueles sobre os quais a Torre de Siloé caiu, tendo sofrido mortes horríveis, eram grandes pecadores. Jesus contradisse o pensamento das pessoas que se autojustificavam, e afirmou que elas precisavam se arrepender, ou mudar suas mentes, e se considerarem também pecadoras, ou então iriam perecer por causa de sua justiça própria. Não é preciso conhecer a língua grega nesta passagem, para ver que, nesta passagem, a palavra “arrepender-se” não significa ficar triste ou se afastar do pecado.
Finalmente, permitam-me dar uma palavra sobre Fé e Arrependimento.
Não há muito tempo, preguei um sermão simples sobre a salvação e convidei os pecadores a confiar em Cristo como Salvador. Mais de 100 pessoas confiaram em Cristo, naquele culto matinal de domingo. Após o culto, um cristão de renome falou: “Gostei do seu sermão, mas o senhor não falou sobre arrependimento. O senhor deveria ter dito àquelas pessoas que elas precisavam se arrepender” Provavelmente, ele parece achar que o fato de eu ter dito àquelas pessoas para confiar em Cristo não fora suficiente. A não ser que se use a palavra “arrepender-se”, quando se apresenta o plano da salvação, alguns pregadores cometem a tolice de acusar o pregador de estar pregando um evangelho de facilidade. De algum modo, eles têm a ideia de que pregar apenas “crer em Jesus Cristo para ser salvo” não é suficiente.
Em um artigo no jornal “The Sword of the Lord”, o Dr. John Rice disse:
“Algumas vezes o próprio pregador não entende o plano da salvação. Ele pensa que a salvação é um processo. Primeiro, existe um período de convicção; depois, um período de arrependimento e, em seguida um ato de fé.”

Ele prossegue, explicando que, quando alguém confia em Cristo como Salvador, ele também se arrepende. O Dr. Rice está absolutamente correto. Fé e arrependimento são a mesma coisa, não sendo decisões separadas. Não se pode confiar em Cristo como Salvador sem se arrepender ou mudar a mente. O exato fato de alguém confiar em Cristo demonstra que ele mudou sua mente com relação ao pecado, à salvação e a Deus.
Se um livro da Bíblia tivesse de ser considerado como “o livro da salvação”, este seria o Evangelho de João. Ele é impresso e distribuído mais do que qualquer outro livro da Bíblia. [N.T. - a tradutora, em 1983, quando expunha a sua linha de cosméticos num congresso nacional de cosmetologia, distribuiu 3.000 exemplares do Evangelho de João, dez vezes mais do que a propaganda escrita dos seus produtos e, mesmo assim, teve um sucesso de vendas extraordinário, tendo sido considerada a empresária mais original do evento]. O propósito do ensino apresentado neste livro é dado em João 20.31, referindo-se aos milagres do Senhor Jesus Cristo: “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”.
Conforme esse verso, todo o propósito do Evangelho de João é que os homens conheçam Jesus Cristo, para que, crendo, tenham a vida eterna em Seu nome. Contudo, as palavras “arrepender-se” ou “arrependimento” não se encontram neste evangelho. Por outro lado, a palavra “crer” aparece 90 vezes, nos 21 capítulos do mesmo.
O livro de Romanos foi escrito para mostrar como os homens são justificados. Neste livro, a palavra “arrependimento” é encontrada apenas duas vezes e, somente em um caso, ela se refere à salvação. Romanos 11.29 diz: “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”. Se tomarmos “arrependimento” com a significação de “abandonar o pecado”, não faz sentido algum. Mas, quando Deus vocaciona um homem para pregar, Ele jamais muda a Sua mente sobre isto.
Enquanto a palavra “arrependimento” é encontrada apenas duas vezes no Livro de Romanos, a fé é encontrada 39 vezes. Romanos 3.28 diz: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei”.
Romanos 5.1 declara: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”.
Visto como a palavra “arrependimento” não é encontrada no Evangelho de João e somente duas vezes no Livro de Romanos, devemos concluir que nenhum destes dois livros nos ensina como ser salvos e justificados? A conclusão é que o arrependimento está incluído nas palavras “crer” e “fé”, as quais aparecem muitas vezes nestes dois livros.
O capítulo 3 de João contém o coração do evangelho. Nele encontramos o maravilhoso verso: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Este verso é usado na conversa entre Jesus e Nicodemos. No verso 7, Jesus diz a Nicodemos: “Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo”. Quando Nicodemos pergunta: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?” (verso 4), Jesus responde, conforme os versos 14-16 (este já citado): “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Em parte nenhuma deste capítulo Jesus usa a palavra “arrependimento” ou “arrepender-se”. Ele diz apenas que Nicodemos creia, encerrando, incisivamente, o diálogo com o verso 36: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”. A palavra “crer” nestes versos significa: confiar, depender e descansar em. Nada poderia ser mais claro. Cristo morreu pelos nossos pecados e do que precisamos é depender dEle para a nossa salvação. Sua admoestação está no verso 36. “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.” (Jo 3.36 ACF)
Não existe promessa alguma na Bíblia para os que confiam parcialmente em Cristo. A promessa é para quem nEle crê totalmente. Não podemos confiar 90% em Jesus e 10% em algo mais. Devemos confiar exclusiva e absolutamente apenas nEle e em nada mais para a salvação. Visto como Jesus não usou as palavras “arrependimento” nem “arrepender-se”, quando ensinou a Nicodemos como ser salvo, devemos chegar a uma destas três conclusões:
Primeira, o arrependimento não é necessário à salvação.
Segunda, Jesus não ensinou a Nicodemos como ser salvo.
Terceira, o arrependimento é necessário à salvação, estando incluso na palavra “crer”, a qual Jesus usou, constantemente, neste capítulo. A conclusão correta, sem dúvida, é a terceira, isto é, que a palavra “arrependimento” está inserida na palavra “crer”. Crer somente em Jesus Cristo e confiar no Seu sacrifício vicário é tudo de que um homem precisa para ser salvo. E ninguém pode confiar em Cristo, sem antes se arrepender.
Dr. Curtis Hutson – “Repentance: What Does The Bible Teach?”
Traduzido e comentado por Mary Schultze, em 25/05/2001.